Resenha: Que Horas Ela Volta?

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É muito difícil de falar sobre um filme que te emocionou, te encantou e te surpreendeu ao mesmo tempo. Porém, acharia muito egoísmo de minha parte não compartilhar com vocês a nossa mais nova obra prima nacional, o filme Que Horas Ela Volta?. Se você ainda não se interessa por filmes brasileiros, talvez essa seja uma boa chance para você rever seus conceitos.

O título não poderia ser mais adequado ao filme, já que a pergunta "Que horas ela volta?" se encaixa perfeitamente a história e é ouvida diversas vezes ao longo da obra. Logo na primeira cena, podemos ver o carinho que o menino Fabinho (Michel Joelsas) tem por sua babá Val (Regina Casé), que o criou desde pequeno, enquanto sua mãe Barbara (Karine Teles), uma importante estilista, vive ocupada cuidando de seus negócios.

A história gira em torno da nordestina Val que se muda para São Paulo deixando sua filha Jéssica (Camila Márdila) sendo criada por outra pessoa, para trabalhar e tentar uma vida melhor para as duas. É nesse momento que começamos a perceber nesse enredo o reflexo da vida de dezenas de nordestinos que tomam essa decisão em busca de uma vida melhor.

Val cuida de Fabinho como se ele fosse seu filho e dá a ele toda a atenção e amor que deveria dar a Jéssica, que, embora a mãe sempre mantivesse contato e a amasse muito, ela sentia raiva e desprezava Val em diversas situações. A relação entre a nordestina e Fabinho é muito bem construída no filme, já que ele possuía mais afinidade e amor pela babá do que pela própria mãe.


Tudo muda quando Jéssica liga para a sua mãe avisando que prestará vestibular em São Paulo e que precisará de um lugar para ficar, fazendo com que Val peça para sua patroa que Jéssica fique hospedada em seu quartinho por alguns dias. A menina conquista o coração da família desde a sua chegada, com exceção de Barbara, que começa a enxergar atitudes que não lhe agrada e que farão toda a diferença ao decorrer do enredo.

O mais interesse nesse filme é que ele retrata de forma tão precisa o cotidiano das pessoas, que por alguns momentos eu me vi dentro das cenas, vivendo junto às personagens os conflitos de cada uma delas. Simplicidade e realidade são as palavras que melhor definem esse futuro clássico do cinema brasileiro. 

Que Horas Ela Volta? traz reflexões acerca de valores morais e sociais, começando com a inconformidade de Jéssica ao saber que sua mãe, mesmo trabalhando mais de dez anos na mesma casa, não consegue ter uma vida independente e morar sozinha, sendo submetida a um quartinho nos fundos da casa dos patrões. Jéssica é repreendida por não saber ficar em seu devido espaço, mas o que o filme questiona é: qual é exatamente o espaço que a empregada e a filha dela deveriam ficar? Quem estabeleceu essa normal de divisão?


Outra questão interessante é que cada personagem possui sua própria personalidade, seus próprios medos e cada ação deles tem um motivo, fazendo com que o espectador utilize a empatia para entender cada uma das atitudes e dos diálogos realizados por eles. Nessa história, a mãe egocêntrica, o pai que anulou-se, a empregada batalhadora, a filha que foi abandonada e o filho que foi criado pela babá têm uma grande importância ao enredo, mostrando o ponto de vista de cada um deles.

Um filme que possui um teor crítico e que merece todo o destaque que está recebendo nacional e internacionalmente. Se procura um filme sensível, com uma ótima fotografia, um elenco muito bem escolhido e que te faça refletir, Que Horas Ela Volta? é a melhor opção.




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1 comentários

  1. Adorei sua resenha sobre o file, fiquei muito curiosa para assistir ainda mais depois desse texto haha'. Beijos :*

    www.lacinhorosa.com

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